Por PY4ZBZ em Nov. 2008 rev. Set. 2017
A interferência solar em enlaces de descida de satélites geoestacionários é um fenômeno que ocorre em dois períodos do ano, próximos aos equinócios, com duração de alguns minutos em alguns dias em torno de uma data exata que depende da latitude da antena terrestre, como mostra o gráfico seguinte :
Nestes dias, e na hora certa que depende da longitude do satélite e das coordenadas (latitude e longitude) da antena terrestre, o sol fica exatamente alinhado com a antena terrestre e o satélite geoestacionário, ficando exatamente dentro do lóbulo principal do diagrama de irradiação da antena terrestre. (ou seja, visto da antena, o sol fica exatamente atrás do satélite).
Neste instante, o sol faz com que a sombra do alimentador fica exatamente no centro da antena (com foco normal, não off-set !), como pode ser visto nas fotos seguintes, feitas por mim alguns minutos após a hora certa, por causa de nuvens ... (A primeira é uma antena Gregoriana : refletor primário parabólico e sub-refletor elíptico com alimentador no segundo foco da elipse. A segunda é uma parabólica normal com alimentador no foco primário)
Efeito da interferência solar :
Como o sol é uma poderosa fonte de ruído em banda larga,
a sua passagem pelo lobulo principal da antena terrestre causa um aumento
do ruído captado pela antena e portanto uma degradação
da relação sinal/ruído do enlace de descida. Por
exemplo, em sistemas de TV domestica analógica, causa o aumento
de chuvisco na imagem, podendo até causar interrupção
da recepção por alguns minutos. Em TV DTH digital, o efeito
depende da margem de operação e pode causar interrupções
de alguns segundos (ou o efeito de quadrículos próximo ao
limiar)..
A figura seguinte mostra o angulo de interferência x
formado pela soma do diâmetro aparente do sol com a largura de feixe
A da antena. A largura de feixe da antena é
inversamente proporcional ao seu diâmetro multiplicado pela freqüência
de operação. A duração do fenômeno e
sua intensidade dependem portanto do ganho da antena, que é proporcional
aos produtos dos quadrados do seu diâmetro e da freqüência
de operação. Nos dias próximos ao máximo, este
angulo é menor, pois o sol não passa exatamente no centro
do lóbulo principal da antena, provocando uma interferência
de menor efeito e duração.
Em 12 de setembro 2017, fotografei novamente o fenômeno. Na foto seguinte, feita na hora exata da interferência na antena virada para o Star One C3 (17:14 UTC), podemos ver a sombra do alimentador bem vértice do parabolóide da antena da esquerda, virada para o Star One C3. Nas outras antenas, viradas para satélites diferentes, a sombra não está no vértice:
Detalhe da sombra na antena virada para o Star One C3 a 75°W:
A foto seguinte foi feita no momento exato (17:51 UTC) da interferência na antena virada para o Star One C2 a 70°W:
Na mesma época (set. 2017), nosso colega Demilson PY2UEP fez um levantamento da degradação da relação sinal/ruído (SNR) no downlink do satélite Intelsat 21 em 3,84 GHz, como mostram as figuras seguintes. Mais detalhes aqui.
Use o calculador da Star One, para prever as datas/horas das interferências.
Outro calculador aqui.
Outro calculador muito interessante aqui.